quarta-feira, 20 de julho de 2011

O que realmente importa

Nesta semana aconteceu um fato interessante que mereceu minha atenção. Um jornalista da rede estadunidense CNN ao comentar na página eletrônica da emissora sobre a possível transferência de Carlito Tevez do time inglês do Manchester City para o Corinthians referiu-se ao time brasileiro como "pequeno clube de São Paulo-Brasil."

Foi o suficiente para que os corintianos "invadissem" a CNN através do Twitter e demais meios eletrônicos.

Foi desfeita a gafe retirando-se a palavra pequeno da frase supracitada e um mea-culpa por parte do jornalista no dia seguinte.

Bueno, vamos por partes. Como um apaixonado por futebol achei muito significativa a mobilização da torcida mosqueteira, indignada por seu time do coração ser tratado como... pequeno! Mostraram que quando se quer, se faz. Não é a primeira vez que os corintianos mostram sua capacidade de organização e ação.

Agora, outra coisa que me veio à cabeça: quando iremos fazer o mesmo sobre questões realmente importantes?!

Temos aí as diversas crises morais no governo; temos os problemas do dia-a-dia como falta de transporte público com qualidade e acessível para todos; a falta de um sistema de saúde que realmente funcione pois o SUSto que temos todas às vezes em que necessitamos dessa desgraça é deprimente; a falta de segurança e despreparo de nossa polícia (aqui não é uma crítica direta aos policiais que em sua maioria são trabalhadores e não passam de bucha de canhão de seus 'senhores' e sim àqueles que deveriam dar toda a assistência para estas pessoas); 

a falta de educação que é a falta de escolas com as mínimas condições. Uma vez fui me apresentar em uma escola estadual em Rio Grande da Serra (ABC paulista) e o local era deprimente! Parecia muito mais um presídio que uma instituição do saber! A gradativa e constante desvalorização do professor que tem um único objetivo: destruir a cidadania, destruir o futuro cidadão; 

temos problemas com nossas leis defasadas na esfera da Justiça por exemplo. Leis de mais ou menos 70 anos atrás. Lembrando que sem leis eficientes a polícia trabalha meio que à toa: eles prendem, a lei solta; temos as questões estruturais em nosso país que é conduzida em ritmo de centralizar muito nas mãos de poucos. O statu quo é interessante para uma minoria que manipula uma maioria que sonha fazer parte dessa minoria. Ou seja, em geral um rico que domina um pobre e ensina que este para também ser um rico deve foder um outro pobre. O statu quo.

E chegando neste ponto é que talvez entendamos o porque de se encher o saco da CNN por causa de um time de futebol e não perturbarmos nem um pouquinho os governos municipal, estadual e federal.

Que briguemos com o mundo por causa de nosso time de futebol, que deixemos Obama sem dormir enquanto não parar de chamar football de soccer, mas não deixemos de lado aquilo que realmente importa. Ser cidadão, ter direitos equilibrados com seus deveres, não sentir-se menor por morar aqui ou ali, pela cor da pele, pelo sotaque, pelo tipo de trabalho!

Que de uma vez por todas entendamos que eles trabalham para nós! Nós colocamos, nós tiramos.

Somente quando tivermos esta capacidade e agilidade para atuar naquilo que realmente importa, então eles entenderão.

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