quinta-feira, 10 de março de 2011

Adriano e os "fortes"

Li à pouco no Blog do Juca um post sobre o jogador Adriano. Concordo com o ponto de vista do jornalista. Acho Adriano o exemplo mais bem acabado (entenda como quiser) do futebol moderno. Ronaldinho Gaúcho tá logo ali mas acredito que este, ou é burro demais para entender ou simplesmente não liga pois há um grande espaço vazio dentro do crânio. Infelizmente para Adriano a coisa não funcionou assim. Há um ponto em seu ser que detectou algo errado. O problema é que não sabe lidar com isso. Poucos sabem. Aí deveria entrar o amigo que este parece não ter.

Em nossa cultura, o comum é sempre ligar o sucesso ao quanto de dinheiro você tem na sua conta. Que carro você tem. Que roupas usa. Quais lugares frequenta. Com quem você sai. O quanto você contribui para o andamento da máquina. Ou você é vencedor ou vencido.Serve ou não serve. Simples assim. Preto no branco. Dicotomia.

E claro, aquele que "venceu" na vida não tem o direito de estar triste. Muito menos ser. Foi dito (sabe-se lá por quem) que quando você tem tudo (coisas) está completo. A felicidade então viria de todas as coisas que você tem. Na prática não é assim. O mundo não é dividido em isso ou aquilo. Não está em novelas, revistas de "celebridades" e muito menos no outro lado da moeda. Por exemplo os programas assistencialistas do Luciano Huck, Gugu e demais desgraças. É muito mais complexo e o ser humano infinitamente mais. Casos como do jogador Adriano acontecem mais do que imaginamos. Em várias esferas da sociedade e profissões. Pessoas que passam por terríveis problemas emocionais (no caso dele, me lembro muito bem que tudo desandou a partir da morte do pai) e não lidam da maneira correta com o problema. E nós, baluartes de tudo que é correto e justo, pessoas do bem (aaaaarrghhh!!) não podemos tolerar que casos como esse passem impune: Como pode? É um vagabundo!! Com todo esse dinheiro...!

Pois é. Sabia que não enxergamos as coisas como realmente são? Não falo metaforicamente mas na prática, no plano físico. Tudo que enxergamos não passa do reflexo da luz nos objetos e pessoas. Aquilo que vemos é a interpretação do nosso cérebro para que possamos entender melhor o que está a nossa frente. Por isso, não enxergamos no escuro. Por isso, somos enganados por ilusões de ótica.

Acredito que possamos usar isto no caso de Adriano. Quando não compreendemos bem algo, ou não queremos entender, simplesmente adaptamos para algo mais simples. Para que nosso ponto de vista fique preservado. Devemos nos cuidar pois dia desses, podemos estar no escuro e precisaremos de outros sentidos para não cair, como o "fraco" Adriano.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A necessidade do espetáculo

O artigo a seguir, assinado pelo jornalista Danilo Mekari, nos mostra o drama de pessoas que estão confinadas em um lugar onde sua sobrevivência é difícil mas elas persistem. Se conseguirem aguentar até o fim, um grande prêmio às espera.

Não. Não estou falando de nenhum reality show. Estou falando de realidade. Mesmo. Mas com este "espetáculo" poucos de nós se importam. Afinal, estes "heróis" não seguem nenhum padrão de beleza estabelecido, não nos mostram sua intimidade, como gostam de trepar e também não choram copiosamente por estar em um lugar confortável, com boa comida e ditando novas modas e filosofias (?).

Não. Estou falando de pessoas. Pessoas esquecidas por seus governos. Esquecidas pelas pessoas que deveriam cuidar e suprir suas necessidades. Buscar a melhor solução para todos e não para meia dúzia de privilegiados. Afinal, todos votaram. Democraticamente. Mesmo que obrigados. Pessoas que não recebem nossa atenção. Afinal, qual a graça?

Engraçada a necessidade de achar graça que temos. Algumas pessoas dão atenção a crianças somente quando ainda têm "graça". Depois disso, são esquecidas. Voltam-se para a criança recém chegada. A "nova aquisição". Com as pessoas em geral fazemos assim também. Somos capazes de gastar horas do dia para saber o que ocorre na casa mais vigiada do Brasil, mas não nos importamos com o que acontece com aqueles que nem casa para se vigiar tem.

Vamos lá, dá uma espiada!

Danilo Mekari: Entre desejos e despejos - Le Monde Diplomatique Brasil