segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aceite isso, você também é parte do problema.

Nas minhas fuçadas pela net, conheci o site (ou sítio como queira) http://www.fazendomedia.com/ onde me deparei com uma matéria bem interessante sobre as chamadas profissões do futuro, no caso o operador de telemarketing.

Sempre tive a mesma impressão descrita na matéria. Como em outras "novas profissões". Uma delas o atendente de fast-food. Houve uma ocasião em que estava em frente de uma delas, o Mc Donald´s. 

Isso faz uns dez anos e confesso que fiquei um pouco assustado com o intenso movimento em frente ao restaurante e parei para ficar olhando. Era horário de almoço. Imagine. E no calçadão da Oliveira Lima. Foi terrível. Dois atendentes, em direção oposta um do outro, viraram de repente e inevitavelmente trombaram. Refrigerantes, hambúrgueres, foram pro alto. Isso aconteceu por causa da incrível pressão que há em cima desses adolescentes que trabalham nesse tipo de lugar. Sei disso por que já fiz teste em uma delas. Não fiquei. Me senti muito culpado na época mas achava meio assombroso aquele ritmo alucinante para atender o apetite voraz de algumas pessoas.

O triste é que essas malditas empresas conseguem por na cabeça de seus funcionários que eles estão fazendo o certo, que são importantes, sendo que as empresas certamente não pensam nem agem assim. O trabalhador adolescente não tem culpa disso. Ao contrário, é vítima. Pois não tem opções. 

E é em cima disso que esses novos senhores de escravos conseguem seus inacreditáveis lucros. Produzindo, exigindo muito. Pagando, reconhecendo pouco. Se você parou para pensar um pouco nisso não se esqueça que somos culpados disso também. 

No máximo esse adolescente tem sua foto pendurada na parede como funcionário do mês. 

Não seria melhor um aumento decente de salário, alimentação decente e não fast-fode pro infeliz do atendente?. Afinal nosso consumismo gera toda essa situação. É necessário muita mão de obra para atender essa procura insana. Nossa procura. 

Garotos e garotas começam sua vida profissional em empregos desse tipo. É só o começo. Nem sempre. 

Mas o pior é ter que ser tratado assim. E ficar marcado talvez para o resto da vida que você trabalhador não merece mais do que aquilo. Não pode sonhar, pois não nasceu do lado certo do muro que divide as classes sociais. Ou então aprender que para "vencer na vida" é preciso oprimir, colocar "esse povo no seu devido lugar". Aí nasce o pior estilo de opressor: o pobre que fode outro pobre. 

Trabalhei com um cara que me disse que seu primeiro trabalho foi numa dessas empresas. Dizia que ali se aprendia a trabalhar, que ele aprendeu tudo ali. Achei engraçado. Passam a mão na nossa bunda e ainda dizemos obrigado. Não sei não mas algo não está muito certo. Está?